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Volta do Ministério de Desenvolvimento Agrário contribuirá para combate à fome no Brasil, diz participante da equipe de transição

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A inclusão do grupo de Desenvolvimento Agrário na equipe de transição confirma a volta ao governo desse ministério, extinto após o impeachment da presidente Dilma. Elizângela dos Santos Araújo, que integra a equipe de transição, lembra que a agricultura familiar é responsável pela produção de cerca de 70% dos alimentos consumidos no Brasil e que a volta de programas de ajuda ao setor vai contribuir para o combate à fome.

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Elizângela dos Santos Araújo
Elizângela dos Santos Araújo © RFI
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A baiana Elizângela dos Santos Araújo é coordenadora de formação e educação profissional da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (CONTRAF-Brasil/CUT), do Fórum baiano da Agricultura Familiar e secretária Agrária Nacional do PT. Ela foi candidata à deputada federal nas últimas eleições, virou suplente e deve assumir uma vaga na Câmara Federal no ano que vem. Ela veio à Europa para uma missão de cooperação na Itália e participou de um debate em Paris sobre os trabalhos do grupo de transição de Desenvolvimento Agrário.

Ela ressalta que a volta desse ministério, responsável pela agricultura familiar e também pela produção de outras comunidades tradicionais, como os pescadores artesanais, é importantíssima. O setor produz cerca de 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira e, desde a extinção da pasta, em 2016, passa por uma situação difícil devido à falta de investimentos e à pandemia. “É o pior plantio dos últimos 50 anos de alguns produtos como arroz, mandioca e feijão”, informa Elizângela Araújo.

A crise impacta nos preços e aumenta a vulnerabilidade da população de baixa renda. “Hoje, nós temos 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil”, lembra. Apesar das dificuldades orçamentárias, a volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário se insere em “uma das grandes metas do presidente Lula, que é o combate à fome”, salienta a integrante da equipe de transição.

Abastecimento

O grupo de trabalho de Desenvolvimento Agrário, juntamente com as outras equipes que atuaram na transição de governo, apresentaram nesta terça-feira (13), em Brasília, o relatório com as conclusões das mais de quatro semanas de debates.

Elizângela Araújo antecipa que entre as principais preocupações está a “política de abastecimento e de aumento da produção”. Programas que existiram durante os governos Lula e Dilma devem voltar, como o de "Aquisição de Alimentos (que) contribuiu muito para a renda, para a economia, para os agricultores e também foi responsável por tirar o Brasil do Mapa da Fome”.

Outro debate importante, segundo ela, é a questão do alimento saudável produzido pelo setor da agricultura familiar. Durante o governo Bolsonaro, foram liberados muitos agrotóxicos para a lavoura. Então, a gente está muito nessa campanha e queremos que o governo Lula também tenha essa sensibilidade de que a gente precisa de alimento saudável e não de veneno na nossa comida”, explica.

Ministério

A expectativa com o anúncio de todo o gabinete ministerial do novo presidente brasileiro, que foi diplomado nesta segunda-feira (12), é grande. Na semana passada, Lula indicou os nomes dos cinco primeiros ministros. Todos homens. Elizângela Araújo acredita que a diversidade prometida pelo novo governo “não será a dos nossos sonhos enquanto mulheres”, mas será efetiva, com a indicação também de negros, negras e indígenas.

De acordo com ela, “a transição foi uma grande oportunidade de participação social. Nós também criamos um Conselho de Participação Social com as organizações para acompanhar o desenvolvimento das políticas, o monitoramento das políticas implementadas pelo governo nos vários setores da sociedade”. Essa participação de vários segmentos “vai contribuindo muito para diminuir as resistências, os embates” presentes hoje na sociedade brasileira e contra a eleição do Lula.

Por fim, ela diz que a PEC da transição, que deve ser votada nessa semana na Câmara ampliando o teto de gastos em R$ 145 bilhões, é muito importante “porque precisamos de recursos para iniciar o governo”. “O primeiro ano será muito difícil, os primeiros 100 dias. Depois, eu acho que o presidente Lula, com sua capacidade de articulação e de diálogo, vai conseguir uma estabilidade e governar o país”, conclui.

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